domingo, 3 de novembro de 2013

"SÓ IMAGENS EM UM LIVRO" (UMA LICENÇA POÉTICA)

A "37ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo" já está na repescagem, e um dos homenageados desta edição foi o cineasta Stanley Kubrick.
E o que isso tem a ver com um blog de Yoga?

Bem, sou suspeita, porque tive formação em Cinema. E, para piorar para o meu lado, vou falar de um filme que muitos classificam como "filme de horror" - portanto, para muitas pessoas, uma categoria que os praticantes de Yoga não vêem, ou não deveriam ver. Mas quero, digamos, uma licença poética...


Acontece que acho que alguns bons filmes também podem servir à análise, e não só a reações viscerais e viciantes. E, se tudo fosse tão simples como uma listinha de "do and don't", os puritanos seriam iluminados perfeitos, e sabemos que talvez poucas coisas estejam mais longe da verdade.

Além disso, vivemos em um mundo com coisas que podem sugar e destruir nossa energia mais - e nos trazer prejuízos muito maiores - do que alguns filmes e seus vampiros. Pode ser bom não ignorar certas coisas que depois podem nos atacar pelas costas. E acho que alguns filmes também podem nos ensinar a ver e a tomar cuidado com os - tantos! - sugadores de energia na "vida real".


"O Iluminado" é baseado no livro homônimo de Stephen King, e o nome vem de uma música de John Lennon, que contém a frase "We all shine on...". Mas, o desejo de escrever veio quando assisti, recentemente, a "Room 237", um filme sobre este clássico.


("Room 237" é muito curioso, e traz abordagens várias, de muitos, sobre a obra. Desde uma visão de que "O Iluminado" trataria da história de horrores imposta pelos brancos aos índios americanos, Hitler e o nazismo, e - de uma forma que não sei explicar, minha favorita - a visão de uma relação com o fato de que Kubrick teria criado, para o governo americano, imagens falsas da visita do homem à Lua. 

Ah, sabe aquela história de ouvir uma música de trás para frente para descobrir o que ela diz de fato? Então, há em "Room 237" até uma curiosa sobreposição das imagens do filme "O Iluminado" projetado normalmente com as imagens do filme projetado de trás para frente...

Mas, não escrevo aqui para falar disso.)

Eu adoro o momento em que é enunciada uma análise de que o filme trata, sim, de todos os horrores de nossa história - que não são poucos - e que tem como uma chave para lidar com eles. 

Essa chave tem exatamente a ver com o que o personagem Halloran - que no filme, como o garoto, também é um "iluminado" - diz a este. Diz que ele verá coisas horríveis, mas que elas não são reais, são como imagens em um livro.

Encontro aqui uma coisa bem bacana para pensar em relação à distinção - tão cara - entre o que é real e o que não é. Em relação, enfim, à capacidade de discernimento. E parece aqui que ser capaz de um distanciamento, de ver as coisas, as pessoas e a si mesmo - e em última análise a história - como cenários e personagens, como que possibilita uma visão em plano geral das questões e dos problemas. E, por isso, possibilitaria ensaiar resolvê-los, exatamente por posicionar-se em um nível além deles.


A perseguição no labirinto, no final do filme, é uma imagem interessante para pensar nesta visão geral, que possibilitaria guiar-se quando tudo faz crer que você está completamente perdido.

O garoto vai se dar bem.

E "O Iluminado" é um p_ssst@@ filme de cinema!

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