Sampat Pal Devi - uma dalit kshatriya (guerreira)? |
Compartilhei hoje em minha "linha do tempo" o link para uma matéria publicada sobre Sampat Pal Devi, uma líder indiana que combate, com suas seguidoras (e alguns seguidores também), a violência contra a mulher. Se necessário fazendo uso de uma arma branca, um cajado.
Fiz o comentário: "Lamentável brigar, a menos quando é tão necessário... ;) Essa é uma dalit kshatriya (guerreira)?"
Bem, estas coisas fazem pensar em algo em que acredito: cultivar a si mesmo, a própria capacidade e a própria força, é a melhor arma e o melhor caminho, sempre. Sampat diz que, ao longo de trinta anos, bateu seis vezes, quando achou que não tinha outro jeito. Usa o cajado para se defender, e a outras mulheres aviltadas. E fica claro, na matéria, que ela acha que a educação é a grande arma. Sampat criou uma escola, e insiste sempre com as famílias que atende para que as meninas estudem.
E sabemos bem que isso é só um começo. Aqui, em alguns lugares, as mulheres têm estudado provavelmente mais do que os homens, mas a nossa cultura ainda dificulta muito a autoestima da mulher e a sobrecarrega. Basta ver, entre outras coisas, o que algumas pessoas chamam, com a maior naturalidade, de "segunda jornada", como se servir e segurar todas as pontas fosse uma obrigação intrínseca e natural só das mulheres, e como se elas precisassem menos de autorrealização.
Sampat Pal Devi: "Quando me casei, tinha 12 anos. Cozinhava para toda a família do meu marido. Mas não podia comer com eles. Me faziam esperar todo mundo terminar e ficar para comer o que sobrasse, por último. Nunca aceitei. Se brigassem comigo, falava mais alto ainda. Na Índia, mulher não deve ficar reclamando, falando alto."
Acrescentei, em minha linha do tempo: "(...) é muito fácil falar da Índia ou da África, mas serve para pensar se a diferença, aqui e nos outros "mundos", não é mais de grau do que de essência... (Repito que falo como mulher e como homem, porque sou filha de um homem e, se eu fosse homem, teria a mesma vergonha de viver nesse mundo.)"
Minha amiga Larissa Leal comentou: " As flores precisam de espinhos!"
E eu respondi: "E como, Larissa. Sem um 'espinhozinho' vá ver onde te colocam. (Ainda em 2013, e mesmo aqui.)"
Ah, os cajados e "lutar Yoga"?
Lembrei-me de uma história hindu que o Prof. Osnir Cugenotta citou uma vez:
Havia uma cobra que sempre atacava os passantes, ferindo-os e matando-os. Então um dia um sábio disse a ela que não deveria fazer aquilo, porque era algo muito cruel. E a cobra parou de atacar.
Um tempo depois, passando pelo mesmo local, o sábio encontrou a cobra toda estropiada. Perguntou a ela o que tinha acontecido, e ela disse que tinha seguido o conselho e parado de atacar.
E o sábio disse então que havia dito que parasse de matar e ferir, mas não de se mostrar forte e perigosa.
Lembro-me também de uma brincadeira de um amigo, que fala em "lutar Yoga". Bem, de certa forma procede e é uma luta muito árdua, porque é travada contra as próprias deficiências e fraquezas. E precisamos muito desta luta. Todos nós.
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