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domingo, 20 de maio de 2012

CORPOS PRESENTES - ANTONY GORMLEY II (AUSÊNCIA E PRESENÇA)

Há, na exposição Corpos Presentes - Still Beings, do artista londrino Antony Gormley, um trabalho que me chama especialmente a atenção para a percepção interna, para o microcosmo em sua relação com o macrocosmo: Breathing Room, instalada no segundo andar do Centro Cultural Banco do Brasil. Aliás, para mim, nessa obra, a percepção vem para o centro. Não há corpos e, curiosamente, é a única obra da exposição que não pode ser fotografada. É para ser vivida...

Para acessá-la você passa por um caminho absolutamente escuro, e é um pouco como se limpasse a sua percepção. E então você chega à obra. 

Pedi ao artista, na palestra que fez na abertura da exposição, que falasse um pouco desse trabalho, que acredito destacar-se pela singularidade. Como ele já havia mencionado o Rig Veda (livro fundante da cultura do Hinduísmo), como já havia pedido que fechássemos os olhos para perceber o espaço interno, iniciei falando que a minha questão era sobre meditação e a sensação de estar vivo, sobre como a presença, a vivência, vinha para o primeiro plano naquele trabalho em que havia a ausência de corpos: Nobody, No Body.


    Acima, Antony Gormley (à direita) e o curador Marcello Dantas na palestra no CCBB. (12/05/2012)

Gormley mostrou que gostou do comentário sobre a obra. Claro que o artista, embora tenha dito que não sabia se poderia falar melhor sobre ela, foi eloquente e preciso. E não me surpreendi quando ele mencionou as Mandalas e os Yantras pois, de maneira análoga, quando você está no centro destes, mais próximo a um simples e mínimo ponto, você está também, paradoxalmente, mais próximo ao todo.

É aí que a experiência passa uma rasteira maravilhosa na razão. E é necessário, apenas, estar presente.


Sri Yantra


CORPOS PRESENTES - ANTONY GORMLEY I (PRESENÇA)

Está acontecendo, no Centro Cultural Banco do Brasil e nas ruas do centro de São Paulo, uma exposição muito interessante: Corpos Presentes - Still Beings, do artista londrino Antony Gormley.



Por que falar disso em um blog de Yoga? 

O trabalho é bastante interessante em vários aspectos. Um deles é o uso do corpo. 

Interessa especialmente aqui que o artista faz, em seu trabalho, um uso do corpo diferenciado da representação a que estamos mais acostumados. O corpo é utilizado como presença, como discussão do espaço.
Gormley usa o próprio corpo como modelo para suas esculturas. Permanece parado em uma posição durante um bom tempo para a produção de cada molde. Então, a partir dos moldes, surgem os corpos, e as instalações que cria com eles provocam a percepção de maneira singular.
Assim, seus homens de ferro espalhados na instalação Event Horizon - em São Paulo no centro da cidade, no chão, em lugares inusitados ou no alto dos prédios -, instigam  um questionamento do lugar do corpo nos espaços públicos. 

Os corpos estão lá parados, muitas vezes como se estivessem na iminência da ação. Agem o tempo todo, mas pela sua presença. Não dá para ficar indiferente a eles. 






















Eu faria um paralelo dos corpos de Gormley com o Ásana (posição psico-física do Yoga). Não só porque falei em presença, dado tão importante em toda a prática do Yoga. Penso especialmente na ação que ocorre na aparente inação.
Quem pratica sabe que, muitas vezes, poderia parecer a um eventual espectador que você não está fazendo nada, quando na verdade está fazendo muitas coisas, inúmeras ações internas que permitem não só a percepção e o alinhamento do corpo, mas também estar presente aqui e agora, através da conexão do corpo com a mente.
Estar presente em um Ásana permite que sensações, detalhes, que normalmente passariam desapercebidos aflorem, bastante concretos. É através dessa percepção, na permanência em um Ásana, que se desenvolve a consciência, que todo um universo antes não notado se descortina ao praticante. Também aqui é na ação que ocorre na aparente inação que tudo isso acontece.


Tenho uma sensação análoga a tudo isso na presença dos trabalhos do artista. 

Sem exatamente agir, em um sentido estrito, eles agem o tempo todo. Questionam não só sobre o espaço, mas também sobre a sua estabilidade, sustentabilidade e, parece-me ainda, sobre qual sensação um corpo teria naquela posição, sobre quais ações internas estariam acontecendo.

Assim ocorre, por exemplo, na obra Critical Mass, em que alguns corpos pendem das alturas, enquanto outros parecem largados no chão, ou mesmo executando algum Ásana, ou ainda parecem estar em meditação...