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domingo, 4 de outubro de 2015

PRIMAVERA! (SAUDAÇÃO AO SOL - SURYA NAMASKAR)

Imagem da página yoga-detente.fr

Tenho por hábito, já há alguns anos, fazer uma aula só com o Surya Namaskar, no início da primavera.
Não o Surya Namaskar A ou B, mas o Clássico, com seus 12 mantras.
Nesta aula uso uma gravação dos mantras que se repete 12 vezes, fechando um ciclo.


Os mantras trazem 12 nomes para o Sol. E gosto de lembrar aos alunos algo que aprendi: o Sol representa a consciência; e é a essência do Sol - em última instância, a energia que sustenta o Sol, bem como todo o Universo -, que é saudada.



Nascer do Sol no Rio Ganges, em Varanasi (Ana Cabezas, 2013)





E vale lembrar que o Sol é associado, em muitos mitos, com o impulso para a realização da própria natureza, ideia que tem a ver com o Dharma, na cultura védica. Cada um de nós deve realizar o Dharma pessoal (Sva Dharma) em consonância com o Dharma eterno (Sanatana Dharma).



Meu professor Osnir Cugenotta comentou uma vez que via isso no símbolo astrológico usado para o Sol: o ponto (singularidade), contido na esfera, na totalidade.

Símbolo astrológico para o Sol
Abaixo um trecho muito interessante de "Os Luminares - A Psicologia do Sol e da Lua no Horóscopo" (Ed. Roca, 1994), dos autores Liz Greene e Howard Sasportas, no capítulo que trata do Sol:

"(...) Ele (o herói) deve encetar sua busca por ser pressionado a ela por sua necessidade interior, não porque isso fará com que as outras pessoas o amem. Contudo, no ato de se tornar um indivíduo ele está dando uma contribuição aos demais. Por aí você pode ver que o Sol é profundamente paradoxal. Quando nos tornamos nós mesmos, temos muito mais a oferecer do que se nos esforçássemos para tentar salvar o mundo como forma de compensar um vazio interior." (pags. 84 e 85)

Para finalizar: costumo fazer essa aula no início da primavera porque é a estação em que a vida surge - ou ressurge, porque a vida não se extingue - com força. E neste ano, sincronisticamente, antes da primeira aula da 2ª feira, uma amiga citou "primavera nos dentes", em uma postagem.
E não resisti a mencionar a música - que adoro! - dos Secos e Molhados, em que a primavera - e a vida, claro! - persiste nos dentes de alguém que foi até decepado. 
(Seguem o link para ouvir a música no Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=oIbled8a3lY e a letra):


Quem tem consciência para ter coragem
Quem tem a força de saber que existe
E no centro da própria engrenagem
Inventa contra a mola que resiste

Quem não vacila mesmo derrotado
Quem já perdido nunca desespera
E envolto em tempestade e decepado
Entre os dentes segura a primavera


sábado, 26 de outubro de 2013

"O QUE VOCÊ É FALA TÃO ALTO QUE NÃO CONSIGO OUVIR O QUE VOCÊ DIZ"

(Adoro essa imagem, mas desconheço o autor.)
A internet e as redes sociais são instrumentos fantásticos de divulgação e ativismo. Isso é bem legal mas, como tudo, tem vários lados. E alguns destes lados - como talvez não pudesse deixar de ser, olhando para nosso mundo - podem ser, às vezes, um pouco assustadores.

Penso sempre no quanto (e como) podemos realmente influenciar ativamente o mundo ao nosso redor. Penso porque, assumidamente (e isso já me causou pequenos problemas), tenho algum receio de muita falação, muitas recomendações. Antes de ser mal compreendida, explico que acredito que a mente e seus discursos possam influenciar mudanças positivas sim, mas quando conseguem ser instrumentos para chegar a um nível mais profundo, talvez à consciência. Há um nível em que o ser realmente se altera, evolui. Isso é mais complexo, mas talvez seja o que importa, e está ligado à essência por trás dos atos do corpo e das enunciações da mente.  

Aí entendo ideias que já vi algumas pessoas criticarem bastante, como a ideia de que 'é só praticar (Yoga) que tudo o mais acontece'. Para mim é muito claro que isso não quer dizer que é só se alongar e plantar bananeira, e não precisa ser ético. Praticar Yoga é praticar, alongar, fortalecer, exercitar, enfim, o ser inteiro. Como acredito que também devam ser outras técnicas que buscam o desenvolvimento integral do ser humano. (O que não tem absolutamente nada a ver com a fantasia de algumas pessoas de que os professores destas técnicas devam ser seres já perfeitos. Devem ser, sim, praticantes comprometidos. Em seus processos.)

Neste sentido explanado no parágrafo anterior, acredito firmemente na técnica e na prática como o que realmente promove o desenvolvimento/realização real do ser humano. E sou e quero ser apenas, sem falsa modéstia alguma, uma humilde praticante do Yoga.

(O título desse artigo é uma tradução livre de uma frase de Ralph Waldo Emerson de que gosto muito, já citada neste blog.)


segunda-feira, 12 de outubro de 2009

AUTO-ENTREGA - ISHVARA PRANIDHANA




Resistir ao impulso de querer controlar tudo, reconhecer que você desempenha um papel, é uma parte em um todo maior e render-se a esse todo. Hoje eu definiria assim o Niyama (Niyamas são instruções relativas ao comportamento consigo mesmo) chamado Ishvara Pranidhana. Você simplesmente fez tudo o que tinha a ser feito. Resta confiar e deixar fluir.


Parece simples, não? De tão simples não é fácil.
Em agosto, quando fiz o curso de Kuruntha com meu professor Osnir Cugenotta, ele falou sobre isso ao propor o Dhanurásana na Kuruntha. (Para quem não conhece o Dhanurásana, neste Ásana você fica em decúbito ventral, segura os tornozelos com as mãos e eleva as pernas e o peito do chão, usando os braços e as mãos como as cordas de um arco formado pelo corpo. Dhanu quer dizer arco.) Na Kuruntha, o Ásana se apresenta como na imagem acima. Aqui, você já inicia elevado, com os braços flexionados, e tem que soltar o corpo à frente, permitindo que ocorra a extensão do tronco e o alongamento da região das axilas. Você tem que soltar, tem que permitir que o corpo desça.
O professor faz uma experiência interessante neste Ásana: ao observar que algumas pessoas já estão sofrendo lá em cima, antes mesmo de começar, coloca um almofadão sobre o chão. Largadas sobre o almofadão, as pessoas relaxam e conseguem permanecer no Ásana. Ora, ainda sobre o almofadão, as pessoas estão já muito abaixo do que estavam antes de começar, e assim deveriam sentir-se pior, suas colunas lombares deveriam incomodar mais, e não o contrário.
Aí ele nos lembra sobre Ishvara Pranidhana, e diz que Patañjali não o deixou por último por acaso, mas porque sabia que era o mais difícil: se achamos que algo nos apoiará (no caso o almofadão), nós nos soltamos; caso contrário, temos medo de nos soltar. Embora já tenhamos definido a altura das manoplas, realizado as ações internas necessárias para não forçar a coluna lombar (girando as coxas para dentro e levando o osso púbico na direção do umbigo), há um desejo forte de permanecer em cima, agarrado às manoplas.


Lembro-me também, a esse respeito, da terceira prova que Indiana Jones tem que passar para chegar ao cálice sagrado, em "Indiana Jones e a Última Cruzada": ele não vê a ponte, porque ela está colocada para confundir a vista; se quiser prosseguir, terá que dar o passo na direção do abismo, baseado na confiança. E dando o passo ele pisa na fimeza da ponte.
(Todos os exageros dos filmes de Indiana Jones à parte, esta cena sempre me impressionou bastante. Não me lembrava sequer em qual dos filmes estava, mas voltou-me à mente ao pensar em tudo isso.)

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

FAÇA NAULI!

"II:33
Inclinam-se os ombros para frente, apoiando-se com firmeza as palmas das mãos nos joelhos; move-se o ventre para a esquerda e para a direita como um redemoinho em um rio. Os siddhis chamam esta técnica de nauli."

(Em "Hatha Yoga Pradipika", tradução de Pedro Kupfer.)


Para fazer o treinamento do Nauli, expire e eleve o seu diafragma (aquele músculo em forma de abóbada, que limita as cavidades torácica e abdominal). O abdômen é então sugado para cima e para dentro. A partir daí, você projeta seus retos abdominais (um par de músculos longos que recobre a parte da frente do abdômen), fazendo-os saltar. Então, movimente os retos abdominais para um e outro lado, criando um movimento ondulatório, realizando uma massagem no seu próprio abdômen pelo rolamento dos músculos. (Aliás, no Gheranda Samhita este exercício é também chamado "Lauliki Yoga". Lauliki significa rolamento.)

Uma boa dica para começar a perceber seus retos abdominais: com o diafragma elevado, pressione as mãos nas coxas. Assim você vai senti-los, quer eles saltem muito ou não. Tomando consciência do músculo que você não costuma ativar voluntariamente, você começa a restabelecer a comunicação, criando sinapse e fortalecendo a ação.
Faça todos os dias, com o estômago vazio. Assim o Nauli vai sendo tranquilamente preparado.
E, mais do que isso, você vai estar trabalhando em si mesmo, captando energia, gerando calor. E isso é sinal de que algo muito importante já está "rolando".


Ainda no "Hatha Yoga Pradipika":

"II:34
Esta excelente prática de Hatha Yoga elimina a inércia do fogo gástrico, estimula a digestão, deixa uma sensação agradável e elimina todos os males e desajustes dos humores."


Quer mais o que?
Vá fazer o seu, que é o melhor do mundo. (Afinal, sua vida acontece no seu corpo e não em qualquer outro!)