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segunda-feira, 7 de março de 2016

UMA NOTA A PROPÓSITO DO MAHA SHIVARATRI


Bangalore 2013 (Ana Cabezas)

Joseph Campbell disse que a razão pela qual devemos estudar os mitos é aprender a viver. Os símbolos existem para isso e - para além de qualquer confusão aparente por conta da diversidade de histórias, nomes e formas -, os recados são claros, fortes, e são o que nos ensina sobre a vida. 

Esta nota foca no pensamento de que Shiva vive dentro do meu coração. 
E do seu também!
Não está fora, não vem de fora para dentro. Já está aí, a ser descoberto e vivido.

Assim Shiva, o primeiro yogi, com sua cabeleira e seu corpo coberto de cinzas - muitas vezes um outsider, como mostrado em tantas histórias -, não é uma persona, uma máscara social. 
Imagem do tumblr (bhrm555)
Shiva não é uma pose. Ele simplesmente faz o que tem de ser feito.
Como também não são poses os Ásanas de yoga, e não devem ser fazedores de pose os praticantes.

Na 2ª feira passada falava disso com alguns alunos. Sobre como sementes lançadas por outras pessoas, propagandas, imprensa, etc, podem ser cultivadas em nossa mente. E sobre como, sem cuidados, nossa mente pode se tornar um ajuntamento de ideias que defendemos e sequer percebemos que não são nossas.

Também nosso corpo assume poses e formas que nos são sugeridas. 
Não seja o Yoga mais um monte de poses a serem assumidas de fora para dentro.

Os Ásanas têm que me ajudar a realizar a potencialidade do que estou, do que vim ser neste corpo, curar os problemas que a vida me trouxe e me capacitar para lidar com os que não podem ser curados.
E realizar a conexão com quem sou, me conectar com minha essência última, com aquele que vive dentro do meu coração.

Shiva tem relação com a destruição. Destrói as falsas identificações, para a transformação, a renovação. 

Shiva tira o veneno do ego, das poses, do falso, para que a transformação aconteça, como fez quando foi solicitado a dar um jeito no veneno (hala hala) que veio quando os deuses e demônios batiam o oceano de leite para extrair o néctar da imortalidade (amrita): Shiva engoliu o veneno e segurou em sua garganta. (Por isso é conhecido também como Nilakantha, aquele que tem a garganta azul.)

Imagem do tumblr (kailasanath)

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

MAHA SHIVARATRI 2015


Grande noite de Shiva.
Shiva, o auspicioso. Aquele que tem o tamanho de um polegar - ou ainda de uma fração mínima de um fio de cabelo -, e vive dentro do teu coração.
Feliz!
Em Rishikesh. (2013, Ana Cabezas)

quinta-feira, 5 de março de 2009

SOBRE SHIVA E O YOGA

Neste ano ouvi falar pouco sobre o Shivaratri por aqui, talvez porque ele tenha caído durante o Carnaval. De qualquer maneira, o festival conhecido como Mahashivaratri, ou grande noite de Shiva, celebrado anualmente sempre por esta época (última noite da lua minguante de um mês que fica entre fevereiro e março no nosso calendário) sempre é ocasião, senão de participar de rituais que ocorrem na data, de refletir um pouco sobre o mito de Shiva, que de certa forma se confunde com a prática do Yoga.

Assim, lembro aqui um aspecto do mito muito caro aos praticantes de Yoga: Shiva está dentro de cada um nós; é Brahma dentro de cada um. Assim, o encanto que este mito exerce está ligado à busca do caminho pessoal, de uma verdade única que reside em cada um e que não deve ser traída.
Shiva, antes de ser um "bonzinho" nas estórias, é comprometido com a autenticidade. Muitas vezes marginal, não é tampouco comprometido com a marginalidade! Parece estar ligado mesmo ao valor intrínseco de cada ser que se compromete com o auto-conhecimento e a auto-superação (coisas que, não por acaso, estão na definição da prática do Yoga segundo o sábio Patañjali). Assim, em algumas estórias, aos que realizam sinceramente estas práticas, nada é negado. Não há força maior do que concentrar a atenção na descoberta e na colocação em prática da própria identidade. É o que de melhor cada um pode fazer, ritual que se processa no calor interno de cada um.

Acredito que isto, conscientemente ou não, está no centro do que amamos na figura de Shiva e no Yoga. Relaciona-se ao que vibra intensamente em nosso interior quando vemos um ser realizado (mesmo quando tudo parecia pesar contra), ou quando vemos ou temos uma alegria autêntica, seja na espontaneidade de uma criança, numa praia maravilhosa ou numa obra de arte.


OM NAMAH SHIVAYA!