Terminei de assistir "Amelia", o filme sobre a aviadora Amelia Earhart, primeira pessoa a voar sozinha sobre o Oceano Atlântico duas vezes, entre muitos outros recordes e realizações.
Críticas à parte (porque num rápido passar de olhos vi muitas dizendo que a diretora indiana Mira Nair desaprendeu a filmar) tenho que dizer que gostei do filme.
Gosto da visão que ele procura trazer da vida dela (1897 / 1937) para hoje. Coisas que ainda em 2.010, por incrível que pareça, não estão assimiladas.
O crítico Luiz Carlos Merten disse, em uma crítica a meu ver lúcida, que o filme trata sobretudo de relações, mais da vida privada do que pública da personagem. Eu especificaria algumas coisas:
- interessa ver uma mulher dedicar-se a seus projetos, porque ainda hoje existe uma idéia de que isso é mais para homens, de que para a mulher é muito tranquilo e normal sacrificar seus interesses. (Vivemos ainda em um mundo em que isso é moeda corrrente, mesmo entre pessoas que se consideram 'up to date' em comportamentos e atitudes, ou que primam pelo discurso de que o feminino e o masculino estão dentro de cada um, etc, etc, etc...)
- interessa ainda ver uma personagem masculina (George Putnam, interpretado por Richard Gere) render-se à sua parceira, compartilhar seus sonhos mesmo quando ela parece interessar-se por outro, quando ainda em 2.010 quase todo dia ouvimos coisas do tipo 'os homens são egoístas por natureza', 'os homens não sabem lidar bem com a idéia de que a mulher tenha seus projetos, ou de que outro possa interessar a ela', enfim, coisas que todos conhecemos bem e que - em última instância - sempre vêm querer reforçar o velho estereótipo do homem que não sabe viver com um outro ser humano inteiro (com desejos, acertos e erros, um sujeito de sua própria vida, como ele também deve ser; nem vou entrar na discussão da velha idéia de reduzir a imagem feminina à simples dualidade santa-prostituta).
- interessa ainda - e sempre - ver histórias de pioneiros, sobretudo porque isso nos lembra que podemos ser pioneiros em nossas vidas, criar e viver além de estereótipos.
Por último, o que tudo isso pode ter a ver com Yoga?
Se alguém praticar Yoga pra não ser autêntico e inteiro... ... não sei.
(A foto que ilustra o artigo é da aviadora.)
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