domingo, 2 de agosto de 2009

ÁSANAS


Continuando o post anterior, falando do trabalho que se faz através do corpo no Yoga, acho que podemos dizer que nos Ásanas usamos o corpo como um instrumento para a consciência.

No primeiro sutra em que trata da Sadhana (prática), Patañjali enuncia:
"Tapas Swadhyaya Ishvara Pranidhana Kriyayoga"

Através da atenção no alinhamento do corpo, casando o corpo e a mente no agora, não só percebemos como estamos, mas trabalhamos também com o corpo energético, trazendo mais energia - aquele famoso calor da prática - para o nosso sistema, para a transformação e o crescimento. Neste esforço de percepção e de transformação encontramos de forma evidente dois dos Niyamas (maneiras de agir consigo mesmo), citados por Patañjali: Svadhyaya (auto-estudo) e Tapas (o esforço, o calor que gera transformação, evolução). O terceiro, Ishvara Pranidhana (auto-entrega), talvez sirva aqui para lembrar que há uma consciência maior, e que este corpo-mente que pratica, apesar de ser um laboratório fantástico, é também apenas uma parte numa totalidade, um instrumento para alcançar mais consciência, caminhar no sentido da destruição da ignorância do que realmente somos. (Na ilustração deste artigo, Shiva como Nataraja (rei dos dançarinos) dança pisando Apasmara, que representa Avidya, a ignorância de nossa verdadeira natureza.)

Assim, o ego não pode simplesmente controlar todos os resultados. Tem que confiar no crescimento do trabalho. Usar o corpo, perceber, trazer energia e, sem ansiedade pela "conquista", deixar que o crescimento aconteça, dia após dia, todos os dias. Usar também a mente, e isto não significa só acreditar que pode, mas tem muito a ver com a instrumentalização da inteligência para o Ásana, com o exercício do discernimento, entendendo como o Ásana se constrói e como o corpo funciona.
Então... quem pratica sabe: ninguém faz Yoga "impunemente".

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