domingo, 22 de maio de 2011

O CORPO, A ALMA INDIVIDUAL E A ALMA CÓSMICA

Muita gente parece não entender direito porque uma disciplina que busca a união da alma individual com a alma cósmica tem um trabalho como os Ásanas, em que muitas vezes se faz um uso tão intenso do corpo.

Nos Yogasutras - texto em que pela primeira vez o Yoga é apresentado como uma disciplina estruturada, com a descrição de seus objetivos e do passo a passo - Patañjali coloca o Ásana no início dos membros da prática, logo após Yamas e Niyamas (ações que o Yogin deve ter em relação aos outros e a si mesmo, respectivamente).
Posteriormente, o Hatha Yoga traz um trabalho bem intenso com o corpo, com Ásanas, com a limpeza do mesmo e com a respiração.
O que não podemos perder de vista é que este trabalho continua dentro da estrutura descrita por Patañjali, em que o Yoga é descrito como "o recolhimento dos meios de expressão da mente" (na tradução de Carlos Eduardo Gonçalves Barbosa).

Os Ásanas, assim, deveriam ser entendidos não como uma "parte física do Yoga" - como um momento em que trabalho o meu corpo executando técnicas para ter saúde - dissociado de outros momentos em que me preocupo em ser ética, recolher os turbilhões da mente e trabalhar a minha espiritualidade. Se não tenho tudo isso quando pratico Ásanas, não estou fazendo outra coisa senão ginástica.

Nos Ásanas o praticante deve começar a perceber a energia e a trabalhar com ela, bem como com o direcionamento da mente. E o que é melhor e mais didático é que no Ásana tudo isso é bem concreto, não pode ficar só na fantasia.

Assim podemos entender a sofisticação do trabalho do Mestre Iyengar em relação aos Ásanas. Cada ação interna proposta, cada preciosismo ou esforço, está em função de unir a mente e o corpo no agora, de desenvolver o potencial de cada ser humano. A técnica não está em função de montar a "Cia Yoga du Soleil de Circo, Teatro e Dança" para, em um outro momento, fazer discursos fantásticos sobre ética e espiritualidade. Iyengar tratou muito bem disso em seu trabalho "Luz na Vida", em que dá a cada técnica seu lugar no caminho do Yogin.

No Ásana devo trazer energia ao meu sistema (o calor, o fogo do Yoga) e focar minha mente.
Em uma prática recente meu professor Osnir Cugenotta citou um texto do Yoga que diz que, ao término da prática, a mente deve estar como o fluxo contínuo de um fio de óleo.
É a isso que as ações internas devem servir na prática de Ásanas, conectando corpo e mente, trazendo o que está inconsciente para o consciente.
Quando não perdemos isso de vista, podemos dizer que o corpo é um ótimo campo de trabalho.

2 comentários:

  1. Muito bom Ana cada dia vejo você se transformando, é lindo ver o quanto já produziu por si mesma e pelos outros.

    Continue assim!

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    1. André, vejo que o tempo passa, você realiza tantas coisas e continua com um coração enorme.
      Estou só trabalhando um pouco, seguindo meu caminho nessa disciplina maravilhosa, em que tenho tanto a trilhar. E o pouquinho que produzi não chega nem perto do tanto que recebo. (Daí o desejo de compartilhar com as pessoas.)
      Grata por seu comentário e estímulo. E também por fazer parte da minha história.
      NA MAS TÊ !

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