domingo, 17 de agosto de 2014

MAS QUEM (RAIOS!) SOU EU MESMO?

Ashtavakra (imagem de utkarshspeak.blogspot.com.br)

(Eu fico com a pureza da resposta de) Ashtavakra:


"Você não é nem terra nem água nem fogo nem vento nem céu. Por uma questão de liberdade conheça o Self como corporificação da pura consciência e testemunha de tudo isso."
(Tradução livre de Ana Cabezas)


"You are neither earth nor water nor fire nor wind nor sky. For the sake of freedom know the Self as the embodiment of pure counsciousness and the witness of all these." 
(Ashtavakra Gita, Chapter 1 - 3 - tradução para o inglês de Radhakamal Mukerjee - Motilal Banarsidass Publishers - Private Limited - Delhi)






Trecho do Ashtavakra Gita na casa de Sri Shibendu Lahiri, em Varanasi
O professor Osnir Cugenotta no satsanga de 17.08, no CET Santo André (impossível não lembrar da história que segue)
Então há a história que conta que o rei Janaka teve um sonho, destes mega realistas, em que ele era um mendigo. Estava sem comer há dias, extremamente necessitado de tudo, quando por fim encontrou alguém que lhe deu comida. 

Mas a pessoa observou que ele estava muito sujo, e sugeriu que ele tomasse um banho antes de se alimentar. Janaka foi então ao rio tomar seu banho e, depois, quando ia, finalmente, ter a sua refeição, houve um pequeno acidente e dois búfalos que brigavam fizeram a sua comida cair no chão. 

Neste momento o rei acordou. Viu-se, então, no palácio e respirou tranquilo. Percebeu que aquilo não passara de um sonho. 

Mas, o sonho tinha sido tão real que ele não conseguiu esquecê-lo. E começou a se questionar se haveria a possibilidade de que ele pudesse ser, na verdade, aquele mendigo sonhando que era um rei.

Ilustração de Ashtavakra na côrte do rei Janaka (imagem de media.radiosai.org)
Convocou, então, todos os sábios do reino, para perguntar a eles o que achavam. E cada um tratava de enaltecê-lo e dizer que não poderia haver dúvidas quanto à sua realeza.

Ouviu-se então uma gargalhada, e a guarda real aproximou-se do autor - Ashtavakra (aquele que é torcido em 8 partes) -, para que o intruso parasse de desrespeitar o rei. Mas Janaka pediu-lhes que parassem, e quis saber do que ria Ashtavakra.

Ashtavakra disse-lhe, então, que ria de sua dupla estupidez. 

Mais uma vez os guardas avançaram em direção a ele, mas o rei insistiu em saber do que se tratava. E ele explicou: em primeiro lugar, você confunde esses senhores, da casta dos conhecedores do couro - pois me julgam unicamente por minha aparência -, com sábios brâmanes. E, em segundo lugar, você fica confuso com a sua própria identidade.
Janaka ouvindo Ashtavakra (imagem de utkarshspeak.blogspot.com.br)

Janaka, então, dispensou os outros "sábios" e quis ouvir a resposta e as explicações de Ashtavakra. 

Ele então disse a Janaka que ele não era nem o rei, que sonhou que era mendigo, nem o mendigo que estaria sonhando que era o rei. Mas que ele era aquele que observava os dois.

E como não lembrar da definição de Yoga, em "Os Yogasutras de Patañjali" (aqui em tradução do Professor Carlos Eduardo Gonzales Barbosa)?

"2. O Yoga é o recolhimento [nirodha] dos meios de expressão [vrttis] da mente [citta];

3. Então "aquele que vê" [drastr, o percebedor] se manifesta em sua natureza mais autêntica;"

OM!

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