sábado, 24 de outubro de 2015

YOGA E A CURA DA CONSCIÊNCIA. (E UMA CERTA "CESTA BÁSICA"... )


Essa postagem é também porque é muito comum as pessoas não entenderem porque o Yoga, que tem como ponto alto a meditação e a transcendência, faz um uso muitas vezes tão intenso do trabalho com o corpo.

Quando lembramos que Patañjali define o Yoga como uma disciplina mental, que busca o aquietamento dos turbilhões da mente, mais uma vez o uso do trabalho com o corpo pode causar-nos questionamentos.

Lendo "Uma Visão Ayurvédica da Mente - A Cura da Consciência", do Dr. David Frawley, pensei no que aprendi de meu professor Osnir Cugenotta: o corpo é tamásico (de Tamas - qualidade da inércia e do embotamento) e a mente é rajásica (de Rajas - qualidade da atividade e da agitação). Então, nos Ásanas (posturas psico-físicas do Yoga) ativamos o corpo para acalmar a mente. Dá pra entender?

Dá. Olha só: quando você fez uma longa caminhada, normalmente você relaxa muito melhor do que quando ficou só "morgando" e pensando muita bobagem o dia inteiro. Quando ativamos o corpo, ajudamos a mente a se estabilizar. Principalmente quando colocamos a mente junto a ele (e essa é uma das grandes funções de tantas ações internas nos Ásanas, ou posições psico-físicas do Yoga: patelas para o alto, coxas para dentro, esterno para cima... já ouviu falar?) 
A mente - que voa tão fácil -, vem para o concreto, para o corpo - que é o que está mais "aterrado". E o corpo, que é o mais denso, por sua vez, entra em um processo de sutilização, pela purificação pelo "fogo", que é o calor gerado pelas mencionadas ações e pela energização que acontece.

Ou seja: cesta básica. Nada de que a maioria de nós não precise.

Porque a qualidade da inteligência e da virtude - Sattva - é 'simplesmente' o equilíbrio das outras duas (Rajas e Tamas). (Fácil......... só que não.)

Imagem da página rawayurveda.com
Sattva, em uma definição do livro mencionado, "possui um movimento para dentro e para cima", coisa que vamos conhecendo na prática do Yoga.

E, por fim, mesmo Sattva deve ser transcendido:

" (...) o apego a Sattva, bem como o apego à virtude, pode limitar a mente. Por essa razão, devemos nos empenhar em desenvolver o Sattva puro, que é a sua forma destacada, ou Sattva não apegado às suas próprias qualidades. O Sattva puro não condena Rajas nem Tamas, mas compreende o lugar deles na harmonia cósmica, que é como os fatores externos da vida e do corpo, cujo lugar apropriado é longe de nossa verdadeira natureza." (pag. 39)
("Uma Visão Ayurvédica da Mente - A Cura da Consciência", Dr. David Frawley. Ed. Pensamento. 2014.)

(Mais fácil ainda, não é? 
Só que não mesmo..................)

(Nota: Ayurveda é o "conhecimento da vida", a medicina da cultura védica, cultura que também deu origem ao Yoga.)

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